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M O S A I C O S

E s t r a d a s    V i t ó r i a

A título de intróito

 

 

Neste Mosaicos, talvez o último, ganho enfim a companhia das vozes dos amigos de Viçosa. E que vozes, e quantas vozes, parece-me que são umas sete. Seriam mais, mas Priscila como que fala por suas irmãs Lena e Juliana, e por Marcelina, como se entrasse em suas consciências. Parece que aprendeu com o Lázaro de Isaía, Irma e Baiano. Mas, para além desse detalhe literário, as suas falas são deliciosas, bastante apimentadas e reveladoras. Também Helena faz interessantes revelações acerca das singulares e flexíveis vivências afetivas e eróticas do povo de Viçosa.

Mas ainda bem que são apenas sete vozes. Mais do que isso e eu não saberia navegar neste mar de palavras, ou melhor, nestes rios de palavras, para usar um termo mais caro aos amigos de Minas, principalmente a Lázaro, Helena e González. Interessante, logo esse último não comparece com a sua voz. Também pudera, todos os outros vivem fazendo referências às suas falas, ao longo dos dez livros do, digamos, Ciclo de Viçosa, e também ao longo deste Mosaicos. Mesmo eu, vez por outra, já o citei, ao narrar a longa saga de Maurício. Seria covardia mestre González disparar as suas magnéticas falas, teríamos todos que nos calar.

Mas se são sete as vozes, são dezessete os viajantes de Minas rumo a Vitória.  Claro que não irei enumerar nem explicar aqui a razão de suas presenças aqui. Não faltarão vozes para apresentá-los e explicá-los. Mas ao menos uma pincelada.

Afora as sete vozes, mais as três consciências absorvidas ou observadas por Priscila ­(Juju, Lena e Marcelina), outros sete personagens serão mencionados. De Belo Horizonte viajarão, junto com U. e Ilídio, um agente de inteligência da polícia civil e um emigrante peruano, ex-guerrilheiro do Sendero Luminoso.

De Juiz de Fora, partirá Fábio, irmão de Priscila, em cujo carro também viajarão os gráficos Murilo e Vicente, respectivamente de Viçosa e Cataguases, e o americano Paul, ex-agente de inteligência do esgoto imperialista, infiltrado na UFV, e agora agente duplo, convertido ao MPO. A estória de Paul/Simon foi narrada por Ilídio e Marcelina no Neve, no primeiro Mosaicos. E, completando, ou melhor, guiando a singular comitiva, o mestre González, claro.

*

Mas a viagem adquiriu uma atmosfera um tanto ou quanto mórbida, bem diferente daquela espécie de epopeia, há tanto tempo planejada, e tantas vezes mencionada nos outros Mosaicos, através da qual se daria a consolidação da aliança e da amizade entre o grupo do professor Marçal e o grupo do filósofo González – e, quiçá, o surgimento de vivências afetivas e eróticas. Já estava na iminência de acontecer, foi antecipada em apenas algumas semanas.

E o motivo de tal antecipação, ou melhor, precipitação, tinha que vir logo do personagem do qual estou incumbido de seguir e narrar. O difícil Maurício, comovente em seus tormentos.

O seu suicídio, ou seu suposto suicídio. Esse, o fatal que fez despencar tanta gente, de momento para outro, para a minha cidade. Todas essas dezessete pessoas estão a caminho de Vitória, agoniadas em saber o que de fato ocorreu. Se a tentativa de suicídio de Maurício teve seu fatal desfecho, ou se houve a interferência de alguém, que teria providenciado o devido socorro. Sussurra-se que Aninha, Marilda ou Luís, ou os três juntos, teriam chegado a tempo para tais providências.

*

Em verdade, nem eu mesmo sei ainda. E ficou estabelecido, pela Voz, que assim será até o final, que de nada saberei até completar a minha tarefa de narrar a saga de Maurício, até o exato instante em que ele decidiu colocar fim ao próprio existir. Portanto, de certa forma seguirei solitário em minha tarefa, já não terei acesso ao que se passa e ao que se fala durante a viagem, nem terei notícias acerca do que de fato estará acontecendo em Vitória, até a chegada dos viajantes. A minha narrativa e as vozes dos amigos de Viçosa serão como duas paralelas, bastante próximas, mas não o suficiente para se tocarem, conversarem, se sentirem. Não gostei muito, parece uma espécie de punição injustificada.

Mas, ao menos, a coisa será bem menos complicada. Já pensou, eu ter que prosseguir naturalmente com a história de Maurício e, ao mesmo tempo, ter que me debruçar sobre as emoções e falas das sete vozes de Viçosa e, ainda, as cenas e cenários da viagem? Em que labirinto eu teria sido lançado! Acho que, ao final, não foi injustificada punição, mas solidária proteção por parte da Voz para com esse modesto narrador.

 

*

E, enfim, uma tênue tentativa de mapear a trajetória, ao longo do tempo, das relações de Maurício com o grupo de Viçosa, a interação entre os dois grupos, e até mesmo as minhas próprias vivências com ambos os grupos. Parece simples, e até mesmo repetitivo, mas não o é.

Começando pela trajetória mais acessível, no caso, a minha própria, esclareço que, após passar por Cataguases, Ipatinga e Belo Horizonte, não resisti e passei umas semanas em Viçosa. Precisava conhecer mais de perto todas aquelas pessoas, antes de prosseguir rastreando a história de Maurício, no Espírito Santo, já que eu sabia que, após alguns anos em minha terra, ele faria contato com o grupo de Viçosa, que seria de importância em sua vida. E essa minha passagem por lá se deu há apenas alguns meses, um pouco antes de começar o segundo Mosaicos.

E nem seria preciso dizer que, tal como no caso de Maurício e Nildo, a minha aproximação com González e seus amigos mudou, por demais, a minha postura em relação ao meu existir no mundo. Mas não posso me estender muito sobre mim, ainda não, ainda tenho longa e, agora o sei, mórbida tarefa pela frente. Por isso é que, também não devo, ou não posso, falar muito acerca de minha inserção, ou de minhas relações com o grupo do professor Marçal, em minha cidade. Elas existem, são estreitas, mas serão desveladas no momento oportuno; repetindo, não sou eu o foco destes Mosaicos.

E, quanto à aproximação entre os dois grupos, e à aproximação de Maurício com o grupo de Viçosa, aí é que eu ainda me perco, não me foram passadas informações exatas acerca de datas, pessoas, conversas, telefonemas, viagens; nem eu insisti muito sobre isso com González e seus amigos, tampouco com o professor Marçal, em Vitória.

 

Acho que, nesse quesito, sem o perceber eu fui o esperto,  pois poupei-me de uma pletora de palavras e informações, com as quais teria que lidar, registrar, repassar – breve mas bela brincadeira com o P, pois não, prolífico Lázaro? Ou talvez a minha suposta esperteza tenha sido inspirada por ela, a onipotente, a onisciente, a poderosa Voz.

E, então, haverão talvez ambiguidades, contradições, registros confusos quando eu, N. de Vitória, tocar nos temas desses encontros e aproximações. Não me preocuparei com a exatidão dos fatos, nas águas dessa narrativa navegarei ora ao balanço das ondas de um personagem, ora de outro. E assim sigamos. Abram-se as cortinas, para a azeda fala de Olavo.

ÍNDICE

Olavo. 8

dupla acidez. 9

 

Ilídio. 12

na pensão. 13

cis-silêncios, cismas. 14

no cerrado. 21

 

Maurício. 25

um trabalho sepulcral 26

uma militância triunfal, redentora. 31

uma temporada solidária e transcendente. 35

nossos abortos de cada dia. 43

os nascimentos de cada dia. 45

transtornos e contrapontos. 49

 

U.  54

de luto na praça. 55

zona metalúrgica. 59

na zona da mata. 67

 

Elza. 73

ela, enfim.. 74

elza e a beleza. 77

a epifania das imagens. 81

 

Maurício. 85

um mundo vivo de gentes vivas. 86

o julgamento, apoteótico acontecimento. 87

um tribunal popular, outras epifanias. 91

a marcha chega ao podre planalto. 96

um pouco de literatura, pra variar 100

 

Helena. 102

meninas do MPO. 103

 

Lázaro. 109

a aparição de maurício. 110

a tarde na piscina, os passeios. 112

 

Maurício. 116

pt, saudações, de volta às aflições. 117

 

Priscila. 129

Maurício. 130

 

Olavo. 131

maurício e mariane. 132

ilídio e eliza. 137

topêra. 139

 

Ilídio. 156

Maurício. 161

U.  162

Eliza. 167

Maurício. 168

Helena. 169

Lázaro. 170

Mariane, uma inoportuna. 171

o poeta maltrapilho. 173

o ladrão de palavras. 174

Maurício. 179

próximo ao abismo. 180

a primeira vez que Aninha amou. 180

Maurício e Eliza. 180

Priscila. 182

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