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parar o Ocidente

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a Revolução como coração e combate

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abrace esta bandeira mágica e transcendente

Parar o Ocidente:

apenas ficção e utopia?

 

Não daria para dizer quase nada sobre o MPO - Movimento Parar o Ocidente nos limites de uma estreita apresentação, tal como fiz em relação aos dos outros livros. Por isso, havia que se alargar este aqui espaço Na verdade, deveria vir como um Prefácio, mas, dessa forma, somente leitores que adquirissem a obra leriam o referido Prefácio.

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Afinal, trata-se de uma proposta completamente original e radical. Aparentemente, ou formalmente, o MPO nasce como uma espécie de brincadeira ou jogo literário, que faço ao longo de doze livros de minha autoria. Mas, na verdade são idéias que carrego comigo há anos, melhor, há décadas,

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Mas, nos meus livros, liderados pelas instigantes idéias e falas de González, filósofo e aventureiro espanhol, radicado em Minas, os meus personagens e seus discípulos - um grupo de escritores, poetas, filósofos, boêmios e trabalhadores - passam a acreditar cada vez mais na possibilidade, e na urgente necessidade, de uma Revolução em termos planetários.

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Até aí, nada de novo no front da utopia e dos revolucionários de todos os tempos. Não seria o primeiro movimento ou grupelho ideológico a propor, ou delirar com, uma Revolução definitiva, planetária, feita simultaneamente em todos os lugares, e por todos os povos. Superar e ultrapassar de vez o hoje insuportável Capetalismo, desta feita em nível global.

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Promover uma Reviravolta total na até então admirável Nave do Ocidente, virar o mundo de cabeça para baixo. Provocar o Colapso do Ocidente, ao mesmo tempo em que se discute e se constrói as bases de uma nova civilização, verdadeiramente feita para as pessoas.

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Não deixar sobre pedra, ou melhor, banco sobre banco, bolsas de valores sobre bolsas de valores, empresas sobre empresas, tribunais sobre tribunais, polícias sobre polícias, escolas sobre escolas, shoppings sobre shoppings, aeroportos sobre aeroportos e, principalmente, não deixar autoridades sobre autoridades. Parar tudo, expulsar tudo, reconstruir tudo - destruir o que houver de mal em tudo, e conservar o que houver de bom no Ocidente.

Mesmo aqui, Erich Remarche, de novo: nada de novo no front. Nem mesmo no campo, ou no front, da Filosofia.

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Pois que se trataria de Dialética básica: um momento, um tempo ou uma sociedade nova destruindo um primeiro momento, um tempo ou uma sociedade antiga, decrépita; e, num terceiro momento, construindo-se uma síntese ampliada desses dois momentos contrários, aproveitando-se, ou absorvendo, nessa síntese, os elementos positivos ou consolidados nos dois momentos, o Antigo e o Novo.

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E mandando para o lixo, o esgoto, à merda etc etc etc, os momentos, situações e estruturas desnecessárias, obsoletas, malignas etc etc etc. Aliás, antigamente, nas Revoluções comunistas os companheiros e companheiras mandavam o lixo da História para o Tribunal da Revolução e, muitas vezes, para o pelotão de fuzilamento. Foram justos, heróicos e redentores tempos, embora não se saiba dizer se foram bons ou maus no sentido moral e humanitário. Mas o profeta Marx já nos ensinou que é hipocrisia, e remorso inútil, colocar a moral ao lado da implacável marcha da História.

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Então, Dialética elementar, já ensinada há séculos pelos Platões, Hegels e Marxs da vida, ou melhor, da Filosofia e do Logos, muitas vezes apenas sustentáculos e companheiros dos cada vez mais asquerosos, estúpidos e cegos comandantes, na cabine de comando da outrora inigualada Nave do Ocidente.

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Nave veramente admirável há poucos séculos atrás, e hoje meramente decadente, assassina, estúpida e sem direção; ou numa direção extremamente perigosa, a nos conduzir, e a si própria, lenta e pateticamente para a catástrofe, para um buraco negro da História.

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Quem estuda ou conhece Filosofia sabe dessas coisas de Dialética, e da importância e da seriedade desse conceito. Para quem não sabe, falo um pouco e por alto do tema, em alguns de meus livros.

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Mas, especificamente em Juvenal e Jandira, faço-o através da tal da linguagem popular, brinco com o conceito, porém de maneira séria, claro. Enfim tento (se o consegui, não o sei) passar o conceito de Dialética de uma forma dialética, brincando, ou conversando de forma menos pomposa, com as palavras. Mas achei melhor colocar a cena e os personagens ao final desta apresentação; para não quebrar o ritmo, para não macular a atmosfera de seriedade, aqui necessária.

 

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As três vertentes da Revolução Planetária

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Mas, até então, nas revoluções e utopias dialéticas ao longo do tempo, o que teríamos, nestas tentativas, projetos ou delírios de provocar o Colapso do Ocidente, seriam duas vertentes ou sustentáculos. A primeira e principal delas seria o Marxismo autêntico, radical, científico, de cunho trotskista.

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E a segunda vertente seria o que o espanhol González chama de Libertária - aí englobando-se jovens de periferia ou de classe média, ativistas ambientais, artistas, anarquistas, minorias diversas, ativistas da resistência digital, enfim toda uma gama de pessoas e organizações que não veem mais sentido no método marxista-trotskista de organizar a Revolução, ou a Evolução, para alguns  - pelo menos, não veem sentido apenas  nesse método.

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Consideram as velhas gerações de lideranças e revolucionários como figuras perdidas na História, a sonhar (e muitos a se beneficiar de alguma maneira) com um impossível retorno da Revolução feita por trabalhadores ou proletários.

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E, por seu lado, os marxistas autênticos, trotskistas, consideram essa vertente apenas como uma esquerda pequeno-burguesa, petulante, inocente útl, intelectualmente patética. Apenas como movimentos identitários manipulados pelas agências, ONGs e organizações financiadas pelo Imperialismo americano-europeu (com seus diretores e militantes devidamente estimulados financeiramente, diga-se). Setores supostamente vinculados ao movimento popular, mas tão somente manipulados para provocar o divisionismo na autêntica e revolucionária luta de classes.

 

Enfim, vê a maior parte das ditas novas resistências apenas como esquerda reformista, inócua, linha auxiliar na administração do Imperialismo, quando esse encontra-se em momentos de extrema crise, como agora; setores pseudo-combativos, sem ligação direta com a luta de classes, a qual, segundo os marxistas autênticos, ainda é a verdadeira força capaz de organizar a superação do capitalismo, quando o Ocidente finalmente sucumbir a um estado pré-revolucionário, que está para envolver a humanidade como um todo, a qualquer momento.

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A propósito desse último parágrafo, vide os admiráveis vídeos de Rui Costa Pimenta, o lúcido, inventivo e, às vezes, sarcástico e debochado presidente do PCO, o único partido de esquerda autêntica no país; claro, não poupa nem mesmo o PT, antiga promessa de um Partido de massas e autenticamente revolucionário, que dizer então da esquerda reformista, sedutoramente maquiada por modernosas pós-modernidades.

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Mas no pensamento delirante, ou extasiado, do meu personagem, o revolucionário González, há filigranas filosóficas, metafísicas e poéticas, ou mesmo místicas. Eis a diferença, as singularidades que os discípulos captam nas magnéticas falas do filósofo e revolucionário.

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E a mais forte dessas singularidades é a extrema importância que o filósofo dá à Transcendência e à Sacralidade, que seria o terceiro sustentáculo, ou vertente, da Revolução Planetária.

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Essa é a visão que encanta os discípulos. O Sagrado, o divino que habita em cada um de nós e nas coisas do mundo, aliando-se ao poderoso e experiente método do marxismo para, junto com as novíssimas organizações populares e de resistência, construírem e sustentarem a Revolução Planetária Transcendente.

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Portanto, não se trataria mais apenas de transformações econômicas e sociais, para somente depois podermos dedicar tempo ao que há em nós de transcendente, vibrante, pleno, mas também de misterioso, insondável e insolúvel - e estranho. Substituindo a questão econômica pela questão existencial, isso seria coisa de marxismo copiando o Capetalismo - esperar pacientemente por um bolo, que demora por demais para assar, para somente depois podermos desfrutar dos deleites, odores e flores e mistérios de nosso existir-no-mundo.

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Nem se trataria apenas de propor encantadoras, místicas e redentoras soluções, baseadas em posturas ecológicas, esotéricas, orientalizantes, místicas, solidárias e comunitárias.

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Trata-se de algo mais amplo, mais sério, de uma verdadeira responsabilidade, não apenas para com o Transcendente, mas também para com a História, cotidiana, aparentemente monótona e sem poesia, mas concreta, viva, humana, presente, que se desenvolve aqui no plano terreno, aqui no nosso existir-no-mundo.

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Uma história, um plano e um Reino que não se constroem aqui na terra, ou aqui em Dala, apenas com um plácido, esotérico e misterioso jorrar de iogas, de meditações, de mantras, de alquimias e alquimistas, de buscas e conhecimentos interiores, de abraços em árvores e beijos em flores, tudo tendo sempre como pano de fundo um eterno ôm ôm ôm ôm ôm...

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Tudo isso é poético e profundo e verdadeiro, mas também parcial e inócuo, se sozinho. Tal como o Marxismo.

​O tal do inicial e mágico som dos inícios do Cosmos, do Ser e do Sagrado, o qual bastaria que aprendêssemos a ouvir para que, tal num passe de mágica, transformássemos nosso mundo e nosso existir.

 

No meu Dala tem muito disso também, de magias e reverências (eu juro que tem até ôm ôm ôm...) mas Dala-Terra carrrega consigo uma visão menos plácida, é claro. Um pouco mais cosmológica e combativa, um pouco mais lúcida, digamos assim, nem por isso menos transcendente.

 

 

A Revolução - tarefa exigida pela Destinação do Ser

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Enfim, trata-se de algo muito mais ambicioso e corajoso do que essas duas vertentes oferecem, ou defendem com unhas e dentes. Pois que se trata exatamente da junção de tudo isso, da junção das duas vertentes, mas acrescidas, ou sustentadas, por algo novo, ou algo maior. Um terceiro elemento, uma síntese, um terceiro momento; olha a Dialética aí de novo.

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Os Libertários descrentes nas velhas revoluções e nas suas lideranças obsoletas, mas sempre impetuosos, resistentes e resilientes, aceitando lutar ao lado dos experientes marxistas, e aceitando deixar-se conduzir por eles, naquele que for pertinente e decente.

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E os Marxistas radicais aceitando aprender com as organizações populares e de resistência dos novos tempos, deixando de vê-los como meros fantoches do Imperialismo, bem intencionados ou não, oportunistas ou não, combativos ou não, de toda forma deixando de vê-los apenas como ingênuos agentes auxiliares das crises do Capetalismo.

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Portanto, mais do que um acordo, ou consenso, ou união de forças entre as duas vertentes da luta popular, o que o filósofo González propõe é que todos nos sustentemos numa visão mais ampla de nossas lutas, uma visão que leve em conta a Sacralidade e a Transcendência que nos são próprias.

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Pois, somente a partir do momento em que nos virmos como instrumentos do Sagrado e do Mistério, é que poderemos obter a vitória contra a putrefação dos malditos Capetalismo e Imperialismo, com a sua barbárie social, sua brutalidade assassina, sua burrice gerencial, sua manipulação tecnológica, sua opressão afetiva, amorosa e sua distorção do erotismo verdadeiro, reverente, que cuida do outro.

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É assim, e somente assim, vendo-nos como instrumentos do Mistério, vendo a Revolução Planetária como exigência do próprio Sagrado, que cumpriremos a nossa tarefa - urgente, urgentíssima - de destruir e superar o Capitalismo agonizante, mas ainda perigosíssimo e catastrófico, maldito e demoníaco.

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A Revolução tem que ser vista como parte de algo maior do que nós próprios. Somos nós que faremos a Revolução e é para nós que o mundo será transformado numa verdadeira Família Humana.


Mas tudo isso é também exigência Ontológica, estaremos apenas cumprindo uma etapa, ou tarefa, exigida pelo Mistério. Não cabe, aqui,  entrar em minúcias filosóficas, mas, embora a Filosofia reduza o Ontológico à mera questão dos entes, e não do Ser, para simplificar Ontológico pode ser entendido, grosso modo, como Metafísico. 

 

E a Metafísica trata daquilo que não se apresenta de modo imediato, visível ou sensível para nós. É, como o próprio nome diz, aquilo que está para além do físico, portanto, além do que a própria ciência é capaz de captar, ou ao menos entender, aceitar. 

 

E, para se evitar outros equívocos, quem preferir que substitua a palavra Ser e Mistério por outras como Deus, Energia, Tao, Espírito Absoluto, ou qualquer outra, até mesmo por Materialismo Dialético, no caso dos Marxistas.

 

E é voltando-nos para a percepção desse algo maior que encontraremos, de fato, a sustentação que ainda falta pra a consumação da Revolução e da História propriamente ditas.

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Aqui, buscando sustentação filosófica para sua tese da possibilidade e urgente necessidade da Revolução Planetária - e também para convencer seus exigentes, descrentes e críticos discípulos - o filósofo espanhol propõe a eles uma síntese entre Marx e Heidegger.

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Para esse último, estamos em momento crucial da História, ou melhor, em momento crucial de nosso estar-no-mundo, para utilizar uma fala menos marxista e mais heideggeriana. Resumidamente, para Heidegger, dos gregos até hoje o Ser se nos revelou, se nos destinou essencialmente como Técnica, ou Razão dominadora, calculadora.

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Antes disso, o Ser se nos destinara como magia, religiosidade, mística, mitologias, o mundo era todo sagrado, mágico, mas apenas isso. Não havia clarividência, verdadeiro conhecimento, domínio de fato das coisas do mundo, dos entes não humanos, diálogo consciente e lúcido entre os entes humanos e o Ser.

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Através dos gregos, mais especificamente com o advento da tríade SPA – Sócrates, Platão e Aristóteles – o Ser enfim se nos revela, destina-se a nós como Razão, posteriormente como Ciência e, enfim e modernamente, como Técnica.

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O Ser vela-se, oculta-se como Mistério e Sagrado ao nos permitir ter aceso a essa Razão dominadora; deixa-se empobrecer, e nos empobrecer, pela visão reducionista e empobrecedora da Ciência e da Técnica. Mas era preciso que fosse assim, precisávamos passar por essa Destinação do Ser, no dizer de Heidegger.

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Mas por qual motivo tal renúncia e Destinação do Ser? À frente o veremos. E veremos que não é tão simples e que é tão simples.

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Se está em dúvida sobre essa aparente contradição, vão até o próprio Heidegger, parece que ele tem alguns livros sobre a questão, afinal comenta-se por aí que ele era um filósofo – supondo-se que nestes complicados, surpreendentes, espetaculosos e presunçosos tempos de internet ainda se compreenda, de fato, o que é, e qual a necessidade desse troço de cismar, matutar, perguntar silenciosamente, pensar na vida e no mundo, enfim, isso de filosofar.

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Mas são livros complexos e até chatos, adianto logo, mesmo porque são exatamente livros de Filosofia. Mas ao menos um deles é um texto breve e leve, O caminho do Campo, onde ele trata do Simples; que, aliás, infelizmente e incrivelmente, ainda não li.

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Mas é tanta coisa admirável pra se ler, escrever, ouvir, assistir, amar, viver, celebrar. Haja boa amizade com Cronos, pra nossas consciências poderem se lançar em direção a tantas realidades, vivências, lugares e entes.

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Mas deixemos de lado as ironias, as celebrações vitais e os jogos verbais, até próxima ocasião. Se bem que os personagens de meus doze livros são entusiasmados e contumazes praticantes de tais ironias e de tal celebração da vida e homenagem à Palavra. Não preciso reforçá-las aqui.

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Voltando a Heidegger e às Destinações do Ser. O que o Ser quer, agora, é se Destinar a nós como realmente Ser. Já não mais como ingênuas mas sagradas magias, como outrora; e também não mais como admiráveis mas infernais técnicas e controles, como agora.

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Agora, trata-se, fina e finalmente, do grande encontro do Ontológico com o Técnico, do fascinante e grandioso Desvelar do Ser com o limitado Dissecar da Ciência e do Logos.

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É exatamente neste aspecto que a Revolução Planetária significa algo mais verdadeiro, dramático e profundo do que supõem os Marxistas e os Libertários. A Revolução Planetária tem verdadeiramente um incontestável significado Ontológico. Repare-se – um significado Ontológico, não apenas cósmico ou filosófico, e, como já foi dito, muito mais do que econômico, ecológico ou libertário.

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O que nos convoca para a Revolução Planetária é o próprio Ser, que, por razões que não cabe debater neste momento, nos convoca para ocupar as ruas de todo o planeta e simplesmente PARAR O OCIDENTE.

 

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Atravessar e superar o Inferno da Técnica

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Pois, para que o Ser possa de fato se destinar a nós como Ser enriquecido, ou seja, como fusão da Poesia e do Sagrado com a Técnica e a Razão, é preciso que superemos, antes de mais nada, a atual etapa de absoluto domínio da Técnica, aquilo que o filósofo italiano Gianni Vattimo, falecido recentemente, chamou de o Inferno da Técnica.

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Foi preciso que chegássemos até aqui, até este infernal momento econômico, social e existencial para podermos, de fato, aceitar a convocação e combater pela tarefa que nos é dada, que nos é exigida pelo próprio Ser. Somente com tamanho cansaço, frustração, medo e empobrecimento existencial é que poderíamos de fato reagir ao Inferno da Técnica.

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Mas não se trata, por óbvio, de uma tola negação, esquecimento ou destruição pura e simples da Técnica e de suas conquistas, visando retornar a um mundo supostamente idílico, humanizado, mais ritmado, menos veloz - embora o que tiver que ser esquecido ou destruído certamente os construtores da Revolução Planetária, ou seja, todos nós, nós o faremos.

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E o faremos com firmeza, mas também com lucidez, conversando e aprendendo e decidindo sobre o que é maligno e destrutivo, e o que é benéfico e enriquecedor no meio de tudo aquilo que o Ser se nos ofertou, se nos destinou através da Técnica.

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E, certamente, o fator que de imediato será combatido e eliminado é a pressa, ou velocidade excessiva, com a qual desenvolvemos a Técnica, ou com a qual a Técnica se desenvolve, ou se impõe entre nós. Imposição. Essa, uma palavra a ser cuidadosamente observada.

 mili​

Pois parece que já não somos nós que nos impomos à Técnica, ou melhor, não colocamos a Técnica serviço de nosso bem estar, enriquecimento existencial e a serviço de nossa tarefa cósmica para com o Ser e o Mistério.

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Ao contrário. Para se salvar de seu apodrecimento, o agora amaldiçoado Capetalismo teve que juntar suas complexas e infernais maquinarias econômicas e militares com as fascinantes maquinarias da Técnica. E, claro, tal evento, tal diabólica artimanha, não visou o nosso bem estar, enriquecimento existencial etc etc etc.

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Na verdade, sabemos que o seu demoníaco resultado foi bem diferente. Pois que adoeceu-nos ainda mais física e mentalmente, empobreceu-nos ainda mais, existencial e espiritualmente, sufocou, e sufocou a cada dia mais, o nosso existir-no-mundo, com a velocidade, a complexidade, a automatização das pessoas e de seu existir.

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Literalmente, como diria Vattimo, estamos vivendo em pleno Inferno da Técnica. E, claro, um inferno que seduz, magnetiza, imbeciliza e enfeitiça as massas, numa humanidade já quase constituída por plástico e chips no lugar da alma, ou da consciência.

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Com a Técnica excessiva sob seu controle, o demoníaco Imperialismo e o venenoso Capetalismo estão, agora, a nos adoecer, a nos empobrecer e a nos desumanizar num ritmo alucinante e perigoso nunca visto antes, ou melhor, nunca vivido antes por nós.

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E esse não foi um evento social e econômico, ou meramente objeto da ciência marxista, se se preferir. Foi um evento crucial, e não apenas cósmico, mas verdadeiramente ontológico.

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Pois, novamente por razões que há como dissecar aqui, é como se o próprio Ser houvesse perdido o controle de sua própria Destinação a nós, como se o Ser e o próprio Mistério houvessem perdido o controle da Técnica. Não me lembro bem, mas parece que Vattimo é um tanto otimista ao tratar desse suposto descontrole por parte do Ser em relação à Técnica.

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Parece que, na sua visão, é questão de tempo a retomada do Ser por si Próprio, ou seja, a superação do Inferno da Técnica, com uma consequente nova Destinação do Ser, desta feita o Ser se destinando a nós como si Próprio, como Ser enriquecido, que terá fundido a magia do Divino e do Sagrado com a lucidez da Razão, do Logos, do Filosofar, da Cientificar.

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Aqui, sim, caberia um duro veredicto da ciência marxista. Pois isso seria, sim, uma postura idealista, abstrata, afastada da Dialética. Mesmo pestilento, o Capetalismo não cairá de podre, assim como a Técnica não será superada e substituída, assim, do nada, por misteriosa vontade e desígnio do Ser, de Deus, da Divina Providência, de Buda, do Tao, da Energia etc etc etc.

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Haverá que haver ação dos entes humanos para sustentar essa Reviravolta do Ser. E essa ação é exatamente a Revolução Planetária de que viemos falando até aqui. Ao construirmos a Revolução, estaremos nos alçando, nada mais nada menos, do que às magníficas clareiras do Ser, estaremos nos tornando instrumentos essenciais de sua nova Destinação.

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E, ao mesmo tempo, o Ser estará descendo até nós, ou melhor, estará se fazendo presente de forma direta na História, estará a sustentar-nos na urgência de nossa Revolução. Uma mão lava a outra, diz-se que. Se bem que nós e o Ser somos uma só mão.

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Então, o que há. De um lado a Transcendência e o Sagrado tornando-se História, mundo, concretude, como o Cristo propôs e testemunhou. De outro a História e os entes humanos alçando-se para além de sua precária condição, para além de sua estreiteza focada apenas no técnico, no científico, no social, no econômico, no familiar, no afetivo etc etc etc.

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Alô, companheiros marxistas-trotskistas, não adiantar espernear. Nós também seremos tributários do Transcendente, não tem como nos incluirmos fora desta. Não sei se me expulsarão do PCO por conta do que digo, mas deveríamos é celebrar. Afinal, agora a nossa tarefa, a Revolução, adquire caráter transcendente, temos como companheiro o próprio Ser, somos, junto com os outros, arautos do próprio Sagrado.

 

E sem perder um milímetro sequer de nossa autonomia e de nossa lucidez. E os tolos e cretinos já não poderão mais nos rotular como fanáticos, descompensados, autoritários, oportunistas etc et etc. Querem mais do que isso? Aceitem, que dói menos, ou melhor, que alegra e nos fortalece mais.

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Aliás, não me lembro bem se é no Livro II d’O Capital, mas há momento em que o profeta Marx fala, brevemente, da necessidade e da possibilidade da presença da Transcendência em nossas vidas, depois de definitivamente consumada e garantida a Revolução.

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Procurai e encontrareis, segundo Mateus, pesquisem e confirmarão, admiráveis camaradas trotskistas. E digo mais: Marx certamente dedicaria mais tempo ao tema, se no seu tempo não houvesse tantas urgências e batalhas.

 

Afinal, o pensamento de Marx era uma dessas emanações privilegiadas produzidas pelo Espírito Absoluto. E certamente ele via a coisa, o Real, em sua totalidade e grandeza. Não era mero cientista.

 

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Um pouco de Hegel, de Dialética e do Espírito Absoluto

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Em tempo: sobre isso de Espírito Absoluto e suas emanações, é preciso falar um pouco. E falo mais ao final desta apreentação. É coisa do genial Hegel, o papai de Marx e, de certa forma, o vovô de Heidegger.

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Não queria complicar, nem alargar ainda mais este espaço. Mas, neste exato ponto, não se pode deixar de levemente falar desse outro filósofo alemão, e de sua visão acerca da nossa relação com o Espírito Absoluto.

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Pois pode ser que falar de seu fascinante filosofar ajude a esclarecer e convencer acerca da natureza da Revolução Planetária. Mas breve, breve.

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Um: o Espírito Absoluto. Pura presença de Si a Si.

Dois: o Espírito se cansa de si mesmo, de sua pura Perfeição e Harmonia, por razões que não cabe indagar. E então se nega a Si próprio, transforma-se no seu oposto - através de métodos e forças que também não cabe aqui indagar - em Natureza, Cosmos, Matéria, entes.

Três: Mas, na sua própria negação de si enquanto Espírito, carrega consigo, em gérmen, o seu retorno a Si próprio. E, como em todo processo dialético, esse terceiro momento será um momento enriquecido, uma síntese entre os dois momentos anteriores, entre Espírito e Matéria.

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Não cabe indagar qual será a natureza e o grau de enriquecimento, para o Espírito Absoluto, dessa síntese, após o retorno a Si mesmo.

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Basta entender que, para Hegel, a nossa aparição - nós, entes humanos, seres dotados de consciência, ou de alma - no mundo, ou no Real, nossa aparição é um dos momentos cruciais de todo esse processo cósmico-ontológico de negação e retorno do Espírito Absoluto - processo longo e fascinante, e ainda misterioso e assustador.

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Em poucas palavras, seríamos nós as testemunhas singulares desse processo, uma espécie de espelho através do qual o Espírito testemunha e celebra a si próprio. Sem nós, o processo estaria incompleto, ou distorcido. Por ora, basta de Hegel, mesmo porque ao final desta apresentação também incluo trechos de uma das muitas  falas de meu personagem González, mais esclarecedora e entusiasmada do que a minha própria.

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Se concordamos em ouvir Hegel, o que importa é termos a lucidez e a humildade de entender que somos apenas obscuras peças de um jogo muito mais complexo e do qual pouco ainda sabemos.

 

Mas aí é que está. Pois se obscuras, perplexas e precárias peças somos, também somos cintilantes, singulares e especiais peças. Alguém aí certamente se lembrou de bíblicas passagens: “Vós sois o sal da terra”, “Vós sois a luz do mundo”.

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E detalhe: algumas dessas peças, ou emanações, para voltar ao termo com o qual me referi a Marx, são produzidas, permitidas, enviadas etc etc etc para fazer avançar o processo de retorno do Espírito Absoluto a si Próprio.

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E também para que o Espírito contemple a sua própria grandiosidade e complexidade, através do pensamento e da percepção de alguns entes humanos. E neste caso, a lista de tais emanações especiais seria imensa, e não comportaria apenas figuras célebres, como os filósofos gregos, o Cristo, os filósofos medievais, os filósofos da modernidade, incluindo-se o próprio Hegel, Marx, Heidegger, e Sartre, claro.  E tanta gente mais, célebre ou não. E o Espírito Absoluto celebra a si Próprio até mesmo através das fascinantes descobertas da Ciência.

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Na verdade, ele se espelha em cada ente humano, em quem quer que seja; cada manifestação de admiração, espanto, reverência, de qualquer um de nós, é uma forma de o Espírito Absoluto celebrar si Próprio através de nós, junto conosco. Nós e o Espírito Absoluto somos uma só e única realidade. Somos o Real. Isso é o genial Hegel, só isso. Apenas Gigantesco.

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Esta brevíssima passagem por Hegel era necessária. Agora podemos vislumbrar que, para além de Heidegger, outra poderosa voz do Logos avaliza, legítima a proposta de González. Sem a Presença, sem a presença da Transcendência, a Revolução Planetária fracassará, será abortado o início de nossa jornada verdadeiramente lúcida e divina sobre através do mundo e do tempo.

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Não saberemos nos cumprir como testemunhas e espelhos do Espírito Absoluto, no dizer de Hegel, nem saberemos nos tornar instrumentos lúcidos e ontológicos da Destinação que o Ser prepara para si e para nós, segundo a fala heideggeriana.

 

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​Enfatizando os perigos da Técnica acelerada

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​Sem o pretender ou perceber, fiz um longo desvio para, mais uma vez, mostrar a natureza cósmica-ontológica da superação do Inferno da Técnica e da construção da Revolução Planetária Transcendente.

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Agora, num plano mais terreno, no plano de nosso estar-no-mundo, é preciso reforçar que isso de eliminar a velocidade excessiva, com a qual a Técnica se desenvolve, está no cerne mesmo da Revolução Planetária. Uma de nossas exigências imediatas será a de colocar um freio no desenvolvimento tecnológico, de forma que a Técnica passe de fato a estar a nosso serviço, e não nós a serviço dela, nós estúpidos e embasbacados reféns da Técnica e do Capetalismo.

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Então PARAR o Ocidente significará também PARAR a Técnica.

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Pois perguntemos juntos: para que tanta pressa, temos estrutura existencial para suportar tamanha velocidade? Inteligência Artificial, programas de computador cada vez mais complexos, carros cada vez mais velozes, engenharias cada vez mais ousadas, aparelhagens de som cada vez mais estupidamente potentes.

 

O Ser e o Mistério nos cobram tamanha velocidade? Sem contar os aparelhos médicos cada dia mais sofisticados e os avanços assustadores da Engenharia Genética.

 

Precisamos fugir tanto assim da morte, quer dizer, do morrer? A morte não existe, existe é o evento de morrermos, de vivermos nosso morrer.

 

Precisamos já, já, tão desesperadamente, viver cem, duzentos, mil anos? Não podemos esperar um pouco para tal? É projeto do Ser que sejamos imortais? Se o for, temos que pagar preço tão alto, um preço que pode inclusive colocar tudo a perder? Não me parece que o Mistério seja tolo, pelo contrário.

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Então, tema de crucial importância este, anote-se: os perigos da Engenharia Genética aliada à Inteligência Artificial.

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E já que avançamos um pouquinho na questão operacional da Revolução, adiantemos rapidamente aqui as Urgências da Revolução Planetária. Na minha modesta visão, considero que serão cinco os problemas a serem imediatamente atacados. A eles, esclarecendo que todos são igualmente urgentes, importantes e redentores:

 

1 - a radical eliminação de todas as armas nucleares, num primeiro momento, e de todas as espécies de armas, gradualmente.

2 - a eliminação imediata e definitiva da Fome em todo o planeta.

3 - atacar, interromper tudo o que alimenta o Desastre Ambiental.

4 - implantação de democracias efetivamente diretas e participativas, enfatizando-se radicalmente o poder das ruas, bairros, comunidades. Fim do Estado-Nação gigantesco. Nascimento efetivo e universal do Estado humanizado das comunidades.

5 - e, como já foi falado, humanizar a Técnica, dar duro combate principalmente contra os excessos e o decontrole da Engenharia Genética e da Inteligência Artificial.

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De novo: não se trata de uma tola negação, esquecimento ou destruição pura e simples da Técnica e de suas conquistas, visando retornar a um mundo supostamente idílico, humanizado, mais ritmado, menos veloz etc etc etc. Aliás, adoro essas brincadeiras de repetições nos meus por ora doze livros.

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Pois veja-se que a questão do enfrentamento da Técnica também passa pela Dialética. Havia um primeiro momento na História, a Tese, quando o Ser se nos destinou como magia e sacralidade. Depois, veio o segundo e atual momento, a Antítese, quando o Ser se nos destinou como agressão, conquista e Técnica.

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E, a partir de agora, estaremos a construir o terceiro momento na História, a Síntese, destruindo o segundo momento, o da Técnica, mas conservando, tanto do primeiro quanto do segundo momento aquilo que for pertinente, lúcido, benéfico, e até mesmo sagrado, pois que tudo está contido no Sagrado.

 

Reforçando: não haverá pura e simples destruição e negação da Técnica forjada pelos trabalhadores do Ocidente. No momento da Síntese haverá apenas a destruição do que houver de demoníaco, doentio e excessivo. E o que será benéfico, e o que será maléfico, o que será pertinente, o que será excessivo, serão os povos e as comunidades do planeta que o decidirão.

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E, aqui, um dado interessante, singular, transcendente, ontológico mesmo. Ao instaurar a Revolução Planetária, pela primeira vez os entes humanos estarão a participar, de forma lúcida, da construção de um novo momento na História, estarão simplesmente a contribuir diretamente, e de forma consciente, para uma nova Destinação do Ser. É preciso ser muito tapado, ou ter muita má-vontade e arrogância para com o Mistério, para não ver na Revolução Planetária um verdadeiro acontecimento metafísico, ontológico, transcendente etc etc etc.

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Tudo isso lembra muito uma tal de Nova Era, Juízo Final, Novo Aeon, coisas assim, vocês não acham? Pois, para mim, tudo se interliga neste urgente, perigoso e fascinante momento.

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Por fim, após esta extensa abordagem sobre a Técnica, insistamos: trata-se de verdadeiro acontecimento cósmico e ontológico, esta nossa Revolução. Revolução Planetária Transcendente que já está a caminhar – depois entraremos em detalhes sobre isso de a Revolução já estar a caminho, quando tratar mais um pouco das questões operacionais da Revolução.

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Enfim, pode-se mesmo dizer que todos nós, das três vertentes da Revolução – marxistas, libertários e transcendentes – seremos apenas instrumentos do Ser para que ele próprio se cumpra em sua Destinação a nós.

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Todas as evoluções e transformações dialéticas, que estamos para cumprir nos próximos anos ou décadas, sejam elas de caráter ambiental e ecológico, de natureza existencial e mística, e mesmo de natureza social e econômica (o tão esperado e dialético desfecho da luta de classes marxista); toda esta festiva e implacável explosão de combate e de poesia que se prepara para ocupar as ruas do mundo inteiro, tudo isto estaria contido no evento maior, na Revolução Transcendente, tudo estaria contido na Revolução permitida exigida e permitida pelo Ser, melhor, tudo estaria contido na Destinação a nós decidida pelo Ser.

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Tudo estaria contido nesta Reviravolta do Ser que se aproxima, em sua jornada através do tempo. O tempo do Ser agora será outro, o tempo que o Ser nos destinará, e destinará a si próprio, será outro. É tempo de fechamento de ciclo, para o Ser e para nós. É tempo de Reviravolta.

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O termo Reviravolta é utilizado por Heidegger, mas num outro sentido de seu filosofar ou de seu existir, que não cabe abordar aqui. Sempre gostei do termo e quis aproveitá-lo nesta apresentação do MPO, mas com sentido completamente diferente, conforme esclareço logo, para que a academia e a crítica não me malhem como também ignaro e superficial (se bem que: estou me lixando para academias e críticas, aprendi isso com nosso líder trotskista Rui Costa – menino, precisa ver quando ele está inspirado e, então, descasca e debocha dos tais mundos acadêmicos, jornalísticos e culturais e que tais, os quais considera quase todos como instrumentos ingênuos, tolos ou oportunistas a servir à manipulação imperialista).

​​Marx e o Transcendente que também combate

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Mas, voltando à seriedade.

Por óbvio que é mais tranquilo, para a vertente Libertária da Revolução, dialogar e absorver todos esses conceitos e propostas de conotação mais transcendental ou mística. Esses movimentos, grupos e pessoas são uma espécie de antítese ao positivismo e reducionismo de ciências e técnicas, inclusive antítese da ciência marxista. São mais abertos a chamados obscuros, a intuições que vão além do visível, do palpável e do científico, enfim são mais abertos à presença do Sagrado, do Mistério.

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Mistério - essa é outra palavra que Heidegger adota, ao término de seu filosofar e de seu existir. Pena que também não dê para nos estendermos, aqui, sobre suas surpreendentes conclusões acerca do que seja o Mistério, do que seja o Tudo, ou o Ser.

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Já quanto à vertente Marxista da Revolução Planetária, por óbvio que há não apenas dificuldade para absorver tais termos de procedência mística e transcendental; há, na verdade, uma simples e cortante recusa em levar tais conceitos a sério, em sequer considerar criticamente a possibilidades de tais presenças no Real.

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Claro, o marxismo é de fato uma ciência. E, como tal, não poderia mesmo diferenciar-se das outras ciências em seu reducionismo e presunção de totalidade, de conhecimento definitivo, no que tange à verdadeira essência do Real. E, sabemos, para as ciências de todo tipo é inaceitável que sejamos, não manipulados, mas simplesmente conduzidos e enriquecidos por algo maior do que nós próprios.

 

Aceitar o Ser, o Sagrado, o Mistério como presenças verdadeiramente plausíveis, no Real e no entorno de nosso estar-no-mundo, aceitar isso seria perder o controle de suas conquistas, perder o controle de suas crenças e certezas.

*

Mas, pergunto, em nome dos companheiros e companheiras da vertente Libertária e da vertente Transcendente: a ciência e o método marxistas serão efetivamente capazes de promover, e principalmente sustentar a Revolução Planetária que finalmente se faz possível e necessária? A se basear no passado e presente históricos, tudo indica que não o serão.

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Sabe-se que Marx assume-se como companheiro de Hegel, muito mais do que Heidegger o faz. Mas companheiros em estradas diferentes, mesmo que paralelas. Assim como o Cristo e seu amigo Judas. Marx precisava distanciar-se de Hegel, precisava fazê-lo, para combater com urgência e eficiência o Capetalismo, a serpente ainda em seu berço, antes que chocasse seus diabólicos filhotes, tal como o fez e o faz.

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Antes de seguir. No meu décimo livro, Passa-Ouro: Ouro Preto, na parte final, meu personagem Lázaro, braço-direito de González, sustentando-se nas idéias de seu mestre, faz singulares digressões acerca das relações entre o Cristo e o Judas. Coloco um pouco dessas digressões ao final desta apresentação.

 

Mas apenas para clarear um pouco a relação entre Marx e a Transcendência, lá no Passa-Ouro, Lázaro vê o Cristo como o arauto da Transcendência e do Ser, e Judas como o arauto da Revolução e da Dialética Materialista. E descreve os conflitos e as afinidades entre os dois companheiros de andanças e pregações pela Galileia afora.

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Simplificando: nos dias de hoje, o transcendente Cristo falaria como Heidegger, e o revolucionário Judas clamaria incendiário como Marx.

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Em tempo: o filósofo González absorve essa visão de Judas como revolucionário, e não como um idiota ganancioso, através do grego Nikos Kazantzákis, com seu admirável livro A última tentação de Cristo.

*

Bem, tal como Judas, Marx e seus companheiros não poderiam dedicar tempo a conceitos como transcendência, sacralidade, energia cósmica, mistério do Ser, plenitude existencial e que tais. Se tais conceitos fossem de fato pertinentes ao humano, se realmente dissessem respeito ao nosso existir, eles se imporiam à nossa realidade e às nossas vivências. Mas isso, somente no futuro, depois de consumada a redentora Revolução Comunista dos povos.

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Mesmo porque, tais conceitos, e as instituições a ela ligados, serviriam, na verdade, como entrave e sabotagem durante a árdua e redentora tarefa de construir a Revolução Comunista dos povos. Então, ao menos por ora, fora com tais presenças do campo de batalha dos revolucionários contra os ricos e a burguesia (para Marx e seus companheiros, burguesia decrépita, estúpida e obsoleta já nos anos 1800).

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Mas, sabemos à mancheia, no que deu a Revolução construída em bases puramente marxistas. Óbvio que somente tolos ou oportunistas negariam o formidável avanço e dignidade que as revoluções comunistas trouxeram para a classe trabalhadora, e para a humanidade em geral.

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Óbvio que somente tolos, oportunistas, idealistas e libertários inócuos de todo tipo, negariam que a construção do socialismo ainda está em processo, e que poderá inclusive desembocar tranquila, festiva e heroicamente na Revolução definitiva de todos os povos, mesmo que tal estrondosa vitória ocorra em tempos ainda longínquos. Do romano Virgílio para os mineiros Inconfidentes e, quiçá, para os marxistas: Libertas quae sera tamem.

​

Ou não - poderá não desembocar. Afinal, o próprio Marx, ou Engels, não me lembro (e nem vou procurar no Google) não aventou a possibilidade da derrota dos povos contra os demônios do Capetalismo: Socialismo ou Barbárie, pois sim, pois não?

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Então...

En passant: na sociedade do espetáculo, é permitido até a escritores se portarem como tolinhos vez por outra, pois sim, pois não? Já que sou classe média, também posso usar engraçadinhas modinhas verbais, vez por outra.

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Então. Parece que em crucial encruzilhada da História nos encontramos. O Capetalismo parece estar prestes a implodir, a cair de podre. Vive, não mais de produção, e sim da asquerosa financeirização, deixando cada vez mais ociosas as formidáveis estruturas e forças de produção erigidas pelos trabalhadores, sob o desumano comando dos capetalistas.

​

Segundo os marxistas, essa inócua e enganosa modernidade da financeirização globalizada, é uma renovação e um avanço ilusórios do Capetalismo, o estágio final de sua obsolescência, o término de sua jornada outrora revolucionária, o fim de um ciclo histórico. É um castelo de cartas ou de areia, pronto para desmoronar, em meio à força da tempestade pré-revolucionária, que está prestes a se abater sobre o mundo.

​

Isso parece líquido e certo, o Capetalismo parece estar, enfim, em seu estado terminal. Mas novamente a pergunta, agora complementada por outra.

Somente a vertente Marxista dará cabo de conter o caos que se aproxima, será capaz de, sozinha com seus métodos, organizar, mobilizar e conduzir politicamente as massas desiludidas, desesperadas e raivosas para construírem a Revolução Planetária?

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E aqui a segunda pergunta, ou complementar à primeira.

No caso de um fracasso da Revolução Planetária, por ineficácia ou irresponsabilidade de todos nós das três vertentes, teremos então a instauração definitiva da Barbárie?

​

O que na verdade seria apenas barbárie para nós, pois para os donos do Capetalismo, e para sua lógica demoníaca, seria verdadeiro prêmio um tal estado de barbárie e de caos, sustentado inclusive pela sedução imbecilizante da automação e da inteligência artificial.

​

É tudo com o que sonham. Um mundo não mais construído e celebrado por entes humanos, mas apenas por humanóides apáticos, autômatos e seduzidos pela imbecilização, ou seja, um mundo facilmente controlável, um mundo de zumbis alegrezinhos a serviço do Capetalismo, apesar de aparentemente um mundo bárbaro, com suas gangues, tribos, violências, depressões, suicídios e confrontos de todo tipo entre pessoas, sutis ou escancarados. Mas seria sempre uma tensão controlada e colocada aserviço do Capetal. Alguém aí sussurrou ou berrou que já estamos em meio da merda dessa Barbárie?

​

Então, essa questão do Inferno da Técnica, já apontada lá atrás, deve ser mais um fator de reflexão para os marxistas autênticos, trotskistas, entenderem que os combates pela Revolução Planetária dar-se-ão num mundo muito mais complexo, perigoso e com um senso de urgência muito mais intenso do que nos tempos de Marx, Engels, Lenin e Trotsky – e, vá lá, também Stalin. Afinal, o camarada bigodudo  ao menos defendeu a Revolução Russa contra os imperialistas, e depois liderou a vitória, de fato,  contra o Nazismo - que, em essência, não foi obra dos imperialistas  americanos e europeus, tal como nos empurram goela abaixo, ou melhor, mente adentro - como mentem esses mentecaptos europeus e americanos.

*

Enfim, não precisa ser filósofo para perceber a extrema gravidade e a intrincada complexidade do momento pelo qual passa a humanidade. E, por extensão, entender a gravidade e a complexidade da Revolução Planetária que já está a se iniciar, a Revolução que irá superar esse caos assustador, PARANDO o Ocidente e inaugurando um novo tempo e um novo mundo, colocando um ponto final ao Inferno da Técnica e esmagando a sua serpente, a Barbárie.

​

É, então, uma responsabilidade também muito grave, e complexa a tarefa, de construir esta Revolução e Superação. Da mesma forma é uma grave e imensa irresponsabilidade fugir desta tarefa, ou não saber participar dela tal como a História, o Logos, a Razão, o Ser, o Espírito esperam de nós.

​

Fugir, aqui, vem tanto no sentido de se omitir quanto no sentido de não saber, ou não querer, trabalhar com as outras vertentes que darão sustentação à Revolução. E isso vale para qualquer uma das três vertentes: a dos Libertários, a dos Marxistas e dos Transcendentes. De minha parte, eu me incluo nas três vertentes e combaterei em nome de todas elas.

*

Esta seção visava entender e aceitar as dificuldades da vertente Marxista para assimilar o caráter ontológico e transcendente da Revolução Planetária. Se o objetivo, de aceitar esse caráter transcendente, foi atingido ou não, cabe aos companheiros revolucionários trotskistas refletir e dizê-lo.

​

Ah, os renitentes, críticos e combativos companheiros do Marxismo autêntico, o marxismo trotskista. Quão trabalhosa será a tarefa de convencê-los?

Não deveria ser tão assim árdua. Recorramos a Marx, ou a Engels, ou ao Manifesto Comunista, não me lembro - e, de novo, não vou procurar no Google - a famosa e vibrante convocação aos proletários do mundo inteiro:

​“Trabalhadores do mundo, uni-vos, vós não tendes nada a perder a não ser vossos grilhões. Mas têm um mundo a ganhar”

adaptando-a ao nosso caso:

​“Marxistas do mundo inteiro, uni-vos, vós não tendes nada a perder a não ser vosso isolamento. Mas têm uma Revolução Planetária a ganhar”.

​

Ao aderirem à Revolução Planetária Transcendente, junto com as outras vertentes, no mínimo os marxistas alargarão admiravelmente o seu campo de atuação. E se, ao final do glorioso e transcendente processo, entenderem ou aceitarem que já chegou o momento da transcendência, do Sagrado instalar-se no novo mundo dos homens, junto com a Razão, ótimo, não haverá necessidade de confrontos e disputas ideológicas, ao menos nesse quesito.

​

Mas se, consumada a Revolução, os povos entenderem que ainda não é o momento de dedicarmos muito tempo ao Sagrado, então os Marxistas terão herdado, junto com os Libertários, uma Revolução Planetária, os povos entendendo que não é tempo ainda de nos voltarmos demasiadamente para o Transcendente, pois haverão muitas tarefas terrenas para serem executadas, e que tais tarefas necessitarão, e muito, também do Marxismo.

​

É uma aposta, uma fascinante aposta, companheiros trotskistas, não é brincadeira ou delírio. Como dito atrás, penso que nós, marxistas, não teremos a força e os recursos necessários para, sozinhos, consumarmos a Revolução Planetária.

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É uma aposta, uma fascinante aposta. Mas o que está em jogo é algo não apenas do âmbito da História, mas também do cósmico e do ontológico. E se nós, marxistas, nos recusarmos a participar deste grandioso jogo, estaremos nos omitindo irresponsavelmente, fugindo de nossa tarefa.

*

E mais, se nos enclausurarmos em nosso isolamento ideológico e científico, estaremos até mesmo abortando a possibilidade da Revolução Planetária.

​

Pois, se de um lado, a submissão e opressão, pelos marxistas, das vertentes Libertária e Transcendente poderá levar a uma distorção e desumanização da Revolução Planetária Transcendente, por outro a omissão da vertente marxista simplesmente poderá fazer com que a Revolução Planetária sequer chegue ao final, sequer seja consumada ou, se consumada, talvez venha a ser sabotada, implodida, como tantas vezespelas forças sobreviventes do Capetalismo.

​

A presença dos marxistas será fundamental para não permitir que as vertentes Libertária e Transcendente sejam manipuladas, iludidas, infiltradas. A combatividade e a experiência dos marxistas diferem das outras vertentes por carregar mais lucidez e contundência, o que será fundamental para manter coesas as três vertentes da Revolução Planetária.

​

Enfim, sem os marxistas, não haverá Revolução Planetária. Sem Libertários e Transcendentes, não haverá Revolução Planetária humanizada, lúcida, verdadeiramente promissora.

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Não nos furtemos à nossa tarefa, companheiros e companheiras marxistas trotskistas.

 

 

​​O futuro que é hoje, o Ser em combate com a Barbárie

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​Sim, o futuro chegou. Está ali à frente, à nossa espera. O presente nos aguarda, mostra-nos, impaciente e assustado, os sinais de que devemos começar já a jornada para o futuro.

O Futuro que o Ser, o Espírito Absoluto e o Materialismo Dialético nos preparam, e para o qual nos convocam - começar já a marcha rumo à Revolução Planetária.

​

Sim. E, como dito, não apenas o Marxismo, mas nenhum das três vertentes dará conta sozinha do recado, da tarefa. Gigantesca tarefa. Que trará promissora e fascinante recompensa. Lembrando Paul Celan:

                           a branca farinha da promessa

​O futuro que é hoje, que, em termos de tempo e de História, chegou-nos como tempo presente e nos convoca como tarefa neste presente.

​

E é um futuro que, em termos de Ser e de Mistério, chegou-nos como presente e oferenda, como singular e única ocasião de vivermos e agirmos como verdadeiros instrumentos do Ser, do Mistério, do Espírito Absoluto, ou de Deus, para quem preferir. O que importa é que todos eles estarão conosco no combate contra o Capetalismo e sua serpente, a Barbárie.

​

Lembrando que, se fossem outras as circunstâncias, o próprio Marx veria no Transcendente uma arma, uma arma superior, a serviço da Revolução Planetária; o Transcendente, o Espírito Absoluto, o Ser, ou Deus, para quem preferir, como soldados em combate, ombro a ombro conosco, com suas invisíveis mas invencíveis armas, agora que finalmente chegou o momento de eles descerem até nós e de nos alçarmos até eles.

​

Até a Vitória! Mesmo que demore décadas!

 

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Esboços concretos da Revolução Planetária

​

​​Depois de toda essa tentativa de fornecer um arcabouço filosófico, para a necessidade e possibilidade da Revolução Planetária, faz-se hora de descer ao chão da História, de por os pés na terra e perguntar: como poderá se dar tão gigantesco processo, como poderemos cumprir tão gigantesca tarefa?

​

Por partes iremos, é óbvio. E, de prima, duas palavras fundamentais para o processo, quase óbvias. A palavra Ruas e a palavra Ocupação.

​

Tudo começará por aí, pela Ocupação das Ruas de todos os países do Ocidente. Quando digo ruas, digo praças, estradas, pontes, aeroportos e, quando for o momento, bancos, shoppings, bolsas de valores e, óbvio, instituições políticas e jurídicas.

​

Não podemos prever em que ritmo tal Ocupação se dará. Nem isso deve ser uma questão inquietante, ou seja, nosso ânimo e entusiasmo não deverão depender da intensidade ou velocidade de nossas Ocupações. Pois, a partir do momento, em que as Ocupações se iniciarem, de fato e com confiança e lucidez, isso já significará a derrota do Ocidente.

​

Mas, como assim, tão simples? Não é uma nova utopia e delírio?

 

Não. Pois os combatentes da Revolução Planetária irão para as ruas já sabedores de que dali não sairão mais, até a derrota total do Ocidente, de que ali ficarão para o resto de suas vidas, se preciso for.

 

E cientes de que sua primeira e primordial tarefa será a de trazer o máximo possível de pessoas para as ruas, transformando-as em também combatentes, despertando-as de sua apática, sufocante ou falsamente sedutora e alegrezinha existência.

*

Este será ponto nevrálgico na Revolução: encher, encher, encher as ruas, praças, estradas, pontes, aeroportos. E despertar, despertar, despertar as pessoas de sua abulia e apatia, ao oferecer-lhes a metafísica e sagrada tarefa de Ocupar as Ruas, ao oferecer-lhes simplesmente merecida e inusitada aventura de uma vida verdadeiramente livre.

​

Pois, ao receberem a convocação da Revolução Planetária, também receberão o convite e a promessa da libertação de suas existências: não mais terão que dedicar o seu existir a algo tão sem sentido como esse odioso ciclo vital permitido, ou imposto, pelo Capetalismo. As suas correntes, com as sufocantes e detestáveis obrigações do cotidiano, estarão quebradas.

​

Claro que, nos primeiros meses ou anos, o grosso dos combatentes que ocupará as ruas será oriundo dos setores mais desfavorecidos social e economicamente. Claro que será muito mais difícil despertar e convocar os setores das classes médias. A sua razoável estabilidade econômica e a sedução de uma falsa plenitude existencial (com seus apartamentos, carros, férias, viagens festinhas etc etc etc) será forte impeditivo para que percebam, de imediato, o que estará a ocorrer no mundo.

​

Na verdade, uma razoável parcela da classe média será atraída pela Ocupação das Ruas. Sabe-se que não é pequeno o contingente de jovens e de adultos que já não suportam a pressão e a opressão social, afetiva e existencial impostas pelo atual Capetalismo. Não haverá muita dificuldade para que a nossa Ocupação das Ruas, e a sua oferenda de liberdade e plenitude, magnetize essa parcela da classe média.

​

Quanto ao restante da classe média, continuará atrelada ao seu ciclo vital egocêntrico, superficial e presunçoso, sendo manipulada ou educada para acreditar que este mundo no qual vivem é o melhor dos mundos, ou o único mundo possível. Educada pelas mídias, escolas, igrejas, instituições diversas e principalmente pelas famílias.

​

E aqui há que se alinhar um álibi para essas pessoas. Pois ninguém renuncia à segurança material, às vezes duramente conquistada, em nome de um projeto político, por mais promissor e contundente que seja. Há que se levar em conta que a maioria das pessoas têm um compromisso com algo mais importante do que elas próprias: seus próprios filhos.

 

Elas, em sã consciência, não largarão tudo o que têm de aparentemente sólido, e que garante a segurança e o futuro de seus filhos, para saírem alegremente por aí, a acampar em ruas e praças revolucionárias, de festivas promessas – mas, para elas, promessas incertas e  até mesmo delirantes e ameaçadoras. O tal do lugar ou consciência de classe, a ser defendido com unhas e dentes, do qual o companheiro profeta Marx já falou com suficiente argúcia.

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Nisso, o marxismo pode nos passar sua experiência e sua ciência. Somente quem se aventura a promover mudanças e rupturas são aqueles que já não têm muito a perder, ou nada a perder. O resto é visão idealista. Ou delirante: achar que a postura política das pessoas pode mudar radicalmente através de mágicas e místicas mudanças de consciência, através de meditações, iogas, autoconhecimento, encarnações espíritas, energias superiores etc etc etc. O marxismo tem a ensinar, aos Libertários e Transcendentes, que a mudança política, geralmente, se dá no nível do concreto, da realidade material.

​

Mas os marxistas também têm o que aprender com os Libertários e com os Transcendentes. Veja-se o termo utilizado acima, geralmente, ou seja, nem sempre. Há aberturas, lacunas, brechas no sólido aparato que sustenta a visão e a postura da classe média. Como dissemos atrás, principalmente no meio de sua juventude. Ela é mais suscetível a convocações para mudanças e rupturas.

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Pois ela ainda é movida ou alimentada por aspirações e horizontes menos cotidianos, monótonos e empobrecedores, tais quais as engrenagens do Capetalismo oferecem-lhe. A presença do singular, do poético, do desconhecido, da magia, enfim, do Sagrado, ainda lhe fala com mais força, embora já não com a mesma força que na infância – no meu livro Passa-Ouro: Passa Quatro, o filósofo González tem interessantes palavras acerca dos enleios e magias que nos são oferecidos na infância, com uma maior proximidade do Sagrado.

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Apenas um complemento, a fim de se evitar equívocos: por óbvio que não é apenas a juventude de classe média que é mais suscetível à presença do singular, do poético, do desconhecido, da magia etc etc etc.

 

O que ocorre é que a ela tem condições materiais de se voltar para essas presenças que nos rodeiam dia a dia, tem uma maior margem de liberdade para vislumbrar um outro tipo de estar-no-mundo, o que não acontece com a esmagadora maioria da juventude das periferias, que tem que se haver, dia a dia, com o duro cotidiano da miséria, da precariedade, da opressão e da violência; ou seja, tem que se haver com o mundo terreno, muito mais do que a juventude de classe média, não lhe sobrando tempo ou disposição para sondagens do Transcendente.

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De toda forma, nestes tempos conturbados e cruciais, suficientemente sufocantes, a juventude, seja ela de classe média, seja ela de periferia, tem lançado gritos silenciosos (às vezes nem tanto assim) de cansaço, indignação e perplexidade com tudo o que a engrenagem Capetalista nos impõe. E esses gritos não são movidos diretamente somente pela problemática social e econômica, mas também pela questão existencial, ou pelo vazio existencial.

​

É este, então, o ensinamento das vertentes Libertária e Transcendente à vertente Marxista: as massas, sejam elas de jovens ou de adultos, não aceitarão, ou não se sentirão magnetizadas, por convocações que proponham meramente mudanças nos níveis econômico e social. As pessoas querem mais, e sabem que podem ter mais. Pressentem, intuem que chegamos a um ponto singular da História.

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E certamente, as juventude de classe média, junto com as juventudes das periferias, claro, serão fundamentais nos inícios da Ocupação Planetária, elas é quem detonarão o processo.

 

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Levar sua vida para as ruas, por anos a fio

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Por fim, esclareça-se que a Ocupação das Ruas se dará no sentido literal, as pessoas simplesmente levarão as suas coisas e as suas vidas para as ruas. Abandonarão em definitivo qualquer laço com as engrenagens do trabalho, da produção, do transporte e circulação de mercadorias.

 

Recusar-se-ão a continuar a fazer parte de tais engrenagens, descobrirão que as nossas vidas, o nosso estar-no-mundo é muito mais valioso do que isso que nos é oferecido. E que nosso estar-mundo também carrega consigo uma imensa e densa carga de responsabilidade para com o Transcendente, o Ser, o Sagrado.

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Mesmo porque, iniciadas as Ocupações, os combatentes das ruas não verão motivo para voltar atrás, para voltar para suas vidinhas sob o jugo das engrenagens Capetalistas.

​

Pois, de imediato, perceberão que encontrarão, nas Ocupações, tudo aquilo de que precisam. Não apenas o básico para viverem dignamente, mas também o alimento afetivo, amoroso e existencial. Sentir-se-ão acolhidos, parte de algo maior e singular. Verão os outros como promessas e não mais como ameaças, utilizando palavras de Eduardo Galeano.

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Mas, pergunta-se. De novo, não é mais um ingênuo, embora louvável delírio? Isso tudo não foi tentado, recentemente, em varias cidades e países mundo fora: Seattle, Grécia, Espanha, mesmo em Nova Iorque, para citar alguns? Aliás, tudo isso já não foi pregado e tentado pelo movimento da própria Contracultura, nas décadas 60 e 70, e em nada redundou?

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Crucial conversação. Pois se tocou no cerne da questão, na semente mesma da Revolução Planetária. O que veio antes de nós foram claros sinais de que o Capetalismo já estava para se arrebentar de podre e malcheiroso, já estava se tornando um planetário esgoto a céu aberto. E não foram apenas das vertentes Libertárias, como os eventos citados acima, mas também de sua vertente Marxista ou simplesmente anti-imperialista: Vietnã, Cuba, Nicarágua e, mais recentemente, Venezuela e o já quase deflagrado confronto do Imperialismo com a Rússia e com a China.

​

Mas, centrando-nos nos eventos puramente Libertários, como a Contracultura e as recentes Ocupações mundo afora, foram mensagens, sinais de que já havia algo de novo no ar da História Ocidental, mas, como todo sinal, não havia como vencerem, sequer se consolidarem como oposição ao momento putrefato vivido pelo Capetalismo.

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Portanto, inócua e oportunista essa acusação, ou veredicto, de que a Revolução Planetária é apenas a repetição de mais uma Utopia ou delírio, pelo simples fato de os Libertários não terem se imposto como vitoriosos, não terem se espalhado explosivamente pelo Ocidente afora, incendiando instituições, valores e engrenagens mumificadas, assassinas e empobrecedoras de nosso existir-no-mundo. Tentaram-no, intuíram que estava chegando o momento da ruptura planetária. E, somente por isso, já fizeram demais, já cumpriram com dignidade e densidade a sua tarefa histórica e cósmica de arautos do Sagrado.

​

Mas não era ainda momento de a Transcendência manifestar-se de firme forma a sua Presença na História. É um pouco como a questão do Cristo, que sabia que as suas sementes não frutificariam  naqueles séculos, somente nesta etapa da História.

​

Os hippies e os arautos da Contracultura, mesmo que oriundos majoritariamente da classe média, e mesmo que manipulados pela indústria cultural, como gostam de apontar os Marxistas, ainda assim cumpriram a boa nova de anunciar as brechas no castelo de areia Capetalista, o mal cheiro oriundo de seu esgoto.

 

Portanto, que se ignore o argumento de que a proposta de uma Revolução Planetária e Transcendente é inviável, em razão de terem falhado essas tentativas anteriores. Vistas por seu verdadeiro ângulo, essas tentativas de ocupação e rupturas anteriores indicam o oposto, indicam que a Revolução Planetária e Transcendente estava já no ponto de começar se instalar entre nós.

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Outrossim, o que temos a fazer é fazer a caravana passar, enquanto os cães do Capetalismo e de sua assustada classe média, e mesmo de seus assustados setores desfavorecidos (o tal do proletariado dos Marxistas), estarão a ladrar contra nós – calma, Libertários ecologistas, é claro que os cães de verdade irão nos desculpar, por essa ofensiva comparação com os capetalistas.

​

Portanto, o que há a fazer é começar já a pensar em termos práticos.

​

Primeiro problema sério: a questão da Higiene nas Ocupações. Resolver o problema da alimentação é coisa tranquila. Serão armadas cozinhas comunitárias nas ruas e praças, e não faltarão obviamente voluntários para a preparação de alimentos. Libertários e Marxistas têm suficiente experiência para tal.

​

Mas a questão da Higiene parece mais complexa. Como proceder com as instalações para banhos e necessidades fisiológicas? Lembremo-nos de que estamos falando aqui de Ocupações que comportarão, num primeiro momento, milhares de pessoas e, depois, centenas de milhares de pessoas.

 

Não faremos a Revolução Planetária com apenas alguns milhares de combatentes. Para bloquear avenidas, aeroportos, bolsas de valores, bancos, grandes empresas etc etc etc precisaremos, obviamente, de volume, de massa, que assustem e inibam qualquer medida repressiva, que tornem inviável a intervenção dos gorilas fardados a serviço do Capetalismo.

 

Precisaremos criar massas compactas, coesas, assustadoramente volumosas. E, tudo isso, de forma simultânea, em várias cidades e países ao mesmo tempo, para que se provoque o devido impacto e o devido caos na ordem Capetalista.

​

PARAR O OCIDENTE é nada mais nada menos do que isto: parar a produção e a circulação de mercadorias e pessoas. Sem isso, não haverá Revolução Planetária alguma.

​

Sempre lembrando: estamos falando de convocar e conquistar centenas de milhares de combatentes, para que possamos agir e reagir de acordo com as táticas e estratégias da Revolução Planetária.

*

Voltando à questão da Higiene para centenas de milhares de pessoas. No fundo, talvez não seja de tão complicada solução. Profissionais ou estudantes de Arquitetura certamente encontrarão soluções técnicas que permitirão captar, roubar água da rede de saneamento e encaminhar devidamente os detritos humanos para a rede de esgoto. E ai do poder público capetalista se proibir ou dificultar esse roubo! As respostas do movimento serão à altura. Será um crime nos privar de bem tão essencial como a água.

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Enfim, as Ocupações serão verdadeiras minicidades dentro das cidades do Capetalismo. Nelas teremos o suficiente para nos alimentar, dormir, higienizar e até mesmo praticar alguma arte ou lazer. Com a consolidação das Ocupações, cada uma poderá até mesmo ter suas escolas, construindo uma nova pedagogia.

 

Pois é claro que muitos e muitos pais combatentes trarão suas crianças para as nossas minicidades, para assimilarem, desde cedo, os valores do novo mundo que construiremos.

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Nessas minicidades teremos também um instrumento fundamental: centros de tecnologia da informação, para que cada Ocupação possa se conectar com as Ocupações do mundo inteiro, e para articularmos ataques cibernéticos às engrenagens Capetalistas. Formaremos um verdadeiro exército de ativistas digitais a serviço da Revolução Planetária. Sabemos que isso será fundamental.

 

Alô, Assange, Snowden, Anonymus e tantos outros, a luta continua, companheiros!

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Há toda uma gama de necessidades e possibilidades para as Ocupações e suas minicidades, que serão detectadas, discutidas e solucionadas no dia a dia das Ocupações. Não há, e nem haverá, como impor diretrizes antecipatórias, soluções unilaterais, projetos iluminados. A Revolução Planetária se construirá e se aprenderá sozinha, no difícil mas festivo dia a dia dos combatentes.

 

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A paralisia inaugural

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Enquanto se constrói e se corrige, aprende, inova, debate, as Ocupações sempre terão em mente o seu principal objetivo, na primeira etapa: a convocação e mobilização do maior número possível de pessoas.

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É de extrema importância a convocação maciça e massiva de pessoas para as Ocupações mundo afora. E o objetivo primeiro dessa gigantesca convocação será o de inaugurar, em grande estilo, a Paralisia do Ocidente.

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Lembrando, de novo: estamos falando de convocar e conquistar centenas de milhares de combatentes, para que possamos agir e reagir de acordo com as táticas e estratégias da Revolução Planetária. Somente com essa massa de combatentes é que poderemos inaugurar a Paralisia Ocidental.

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Assim que instaurarmos a Paralisia e o Caos em numerosas cidades do planeta, poderemos de fato nos considerar como os novos governantes do Ocidente. Pois não haverá como voltar atrás. A magnitude e a força do movimento impressionarão não apenas aos de fora, aos que ainda não estarão nas ruas, mas fascinará e alimentará principalmente aqueles de dentro do movimento, aqueles que já terão atendido à convocação da Revolução Planetária.

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Essa primeira Paralisia, Colapso e Caos do Ocidente mostrará aos governantes de todos os países que algo de novo se passa de fato no Ocidente e, por extensão, no mundo. Todos verão com outros olhos as nossas Ocupações, todos passarão a levar a sério a Revolução Planetária, todos passarão a nos ver como os futuros atores políticos com os quais terão que dialogar. Pois as radicais mudanças que executaremos no Ocidente influenciarão todo o planeta especialmente os países da Eurásia – notadamente Rússia e China, os atuais adversários à altura do Imperialismo.

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Será um ambiente totalmente desconhecido, complexo e dinâmico. Não temos condições de fazer conjecturas acerca dessas novas configurações geopolíticas. Tudo será construído a seu tempo. Mas importa salientar que não devemos ter como alvo, em nossas Ocupaçãoes, os países que, ou têm valores e posturas diferentes dos países imperialistas, como a Rússia e a China, ou são explorados e ameaçados  por esses países imperialistas. Devemos, ao menos num primeiro momento, ver esses países como aliados em nossa luta para Parar, Superar e Transformar o Ocidente.

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Mas ao mesmo tempo em que construímos nossa Revolução Planetária, também dialogaremos com esses países, ou os enfrentaremos naquilo que for preciso; ou seja, trabalharemos para consolidar as Ocupações também nesses países.

 

Caso se tornem nossos adversários, nós tudo faremos para despertar seus povos para a Revolução Planetária. Ao invés de buscarmos o diálogo com as outras civilizações, após a nossa Revolução no Ocidente, nós promoveremos a Revolução também nesses países.

 

Mas são tudo conjecturas, não há como prever como agiremos em relação à África, aos países da Ásia e aos países muçulmanos. O que está posto é que a Revolução Planetária terá como centro de irradiação a Europa, a América do Norte e a América Latina.  Caberá a esses povos a cósmica e ontológica tarefa da Revolução Transcendente. O resto serão consequências.

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Além disso, há que se lembrar que todos esses povos, para além dos países imperialistas (inclusive a nossa ancestral América Latina, claro) já trazem em sua história e em suas posturas toda uma carga de Transcendência, de proximidade com a reverência ao mundo e ao Sagrado. Nunca foram totalmente dominados pela postura agressiva, conquistadora e existencialmente empobrecedora da civilização ocidental.

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Não me parece que existirão grandes dificuldades ou atritos na construção do novo mundo, não existirão tensas discordâncias entre essas civilizações e a Revolução Planetária. Ao contrário, a Revolução e superação do Ocidente serão extremamente bem vindas para todos esses povos. Afinal, não precisa ser analista geopolítico para perceber como os povos do chamado Sul Global estão a se afastar cada vez mais dos países imperialistas e aderindo à construção de um mundo multipolar. Ainda mi agora com o divertido Mr Trump a, pelo menos tentar, desorganizar a ordem Capetalista.

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Muito ainda há a ser dito, conversado, refletido. Mas, primeiro, é preciso que as coisas comecem a acontecer, que as Ocupações comecem a aparecer no nosso horizonte. Mas, detalhe: é de crucial importância entender que não há prazo marcado, não há data prevista pra que tais Ocupações comecem a se instalar nas ruas.

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Quer dizer, não podemos criar expectativas demasiadamente otimistas que, caso não se concretizem, levem-nos a desânimos, frustrações e abandonos, mesmo que temporários, do projeto da Revolução Planetária. Afinal, sabe-se que Revoluções não têm data marcada para explodirem. Ainda mais a maior das Revoluções, a Revolução Planetária Transcendente.

 

Aqui, seria oportuno lembrar o ditado latino: nec spe nec metusem esperança, sem medo. Não há que se criar demasiadas ou fáceis esperanças na consumação da Revolução, como também não há que se deixar abater por dificuldades iniciais, repressões inevitáveis, retrocessos, constantes e saudáveis disputas entre as três vertentes da Revolução, ou dentro de uma mesma vertente, enfim todo tipo de dificuldade.

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Pois, no dia a dia das Ocupações, saberemos contornar todos esses obstáculos. A Revolução, em si mesma, será um constante Aprendizado. E um Aprendizado, inclusive, do novo mundo que estaremos a construir.

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E, sustentando e alimentando o nosso fervor com a nossa ontológica tarefa, um último e fundamental fator: teremos um longo tempo pela frente para consolidar as Ocupações e consumar a Revolução Planetária.

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Infelizmente, já não teremos mais todo o tempo do mundo, o que seria o ideal. Pois sabemos que três perigos imediatos ameaçam não apenas a consumação da Revolução, como a própria humanidade. Sabemos quais: as armas nucleares, o desastre ambiental e a tal Inteligência Artificial.

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Mas o que importa é que, mesmo dentro desse tempo talvez limitado, não precisaremos nos desesperar ou nos apressar com o sucesso ou insucesso da Revolução. Mesmo dentro desse tempo talvez limitado, teremos todo o tempo do mundo, teremos todo o tempo que nos restar. Assim, não haveremos que nos precipitar ou nos frustrar. O tempo jogará a nosso favor; com o caos e a paralisia provocadas pelas  nossas Ocupações Planetárias, o tempo jogará a  favor da corrosão cada vez mais acentuada das engrenagens do Capetalismo.

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O tempo jogará a nosso favor, inclusive, na fundamental questão da atração daqueles que ainda não tiverem aderido à Revolução Planetária. Pois presenciando o caos e a paralisia, muitos ficarão assustados e se voltarão contra a Revolução, mas gradualmente a maioria certamente entenderá que o poder dos imperialistas era frágil, suas engrenagens estavam corroídas.

 

Além disso, sentir-se-ão cada vez mais estimulados a se libertarem de vez dessas engrenagens e aderirem à construção de um novo mundo, engrossando então o exército das Ocupações e da Revolução Transcendente.

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Reforcemos, então, a questão das expectativas fáceis e das frustrações decorrentes delas. Reforcemos que não precisaremos ter uma data marcada para a nossa vitória e a derrota da estupidez, da brutalidade e da obsolescência. Nada, absolutamente nada nos obrigará a apressar o  processo e correr o risco de distorcê-lo. E se não houver tempo para consumarmos a Revolução Planetária Transcendente, por razões catastróficas ou pelos perigos da utilização do Inferno da Técnica pelo Capetalismo, nada poderemos fazer quanto a essa eventual derrota pra a  Barbárie.

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A História, simplesmente, prosseguirá seu rumo, somente o temo poderá dizer se, lá à frente, décadas ou séculos daqui, haverá um outro momento histórico e ontológico propício à instauração de um mundo verdadeiramente humano; somente o tempo é quem poderá mostrar a possibilidade de uma nova Revolução Planetária Transcendente

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Mas, quanto a nós e ao nosso tempo, essa incerteza não importa: O que importa é cumprirmos a tarefa que nos é dada nestes tempos, é compreender e atender à convocação feita pela Dialética, pelo Ser, pelo Espírito Absoluto, pelo Mistério, ou por Deus, para quem preferir.

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Aqui, podemos enfim perceber que nesta nossa postura, em relação à Revolução Planetária, não há otimismo, entusiasmo fácil ou delírio utópico. Ao contrário, podemos dizer que, em parte, o impulso e o entusiasmo, que nos impulsionam para a Revolução Transcendente, advêm exatamente de nosso desespero, de nossa perplexidade em perceber o tamanho do abismo que poderá sugar a humanidade em breve, no caso de não  agirmos. É desespero e perplexidade mesmo.

 

E, mesmo cientes de uma eventual derrota, prosseguiremos, pois teremos plantado a semente para o futuro, para que a humanidade, lá à frente, possa escapar de um eventual abismo.

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Como fez o Cristo. Mesmo porque, cada um de nós, combatentes da Revolução, seremos um pouco como o Cristo, viveremos um pouco de sua Paixão, a tentar semear ou resgatar o Sagrado que há em cada um de nós e nas coisas do mundo.

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Nec spe nec metu. Atender ao Sagrado e ao Mistério, sem certeza, exigência ou esperança de vitória. Mas também sem medo e sem apatia.

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Convocações aos povos e gentes

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Nos seus inícios, a Revolução Planetária ha que principalmente convocar, mobilizar. Convocar gentes de todos os tipos e de todos os cantos do Ocidente. Não haverá cronogramas, métodos e mensagens únicas, tudo será um pouco anárquico, espontâneo e mesmo festivo.

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Mas isso não significa que não existirão diretrizes, objetivos, mensagens específicas para grupos específicos. Apenas a título de exemplo, alguns setores e grupos aos quais teremos que dirigir nossas Convocações:

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01  -  a juventude, e em específico,  a juventude das periferias e a juventude universitária.

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02 - artistas em geral, dando prioridade, claro, àqueles que comungam com as posturas libertárias, marxistas e transcendentes.

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03  -  ativistas ambientais de todo e qualquer setor ou ONG, mesmo que saibamos que muitos sejam financiados por instituições e agências ligadas ao Imperialismo. Dentro das Ocupações, ou serão agentes infiltrados, ou combatentes autênticos.

Será preciso estar atento a essas pessoas e organizações, fazer o necessário trabalho de conscientização e lucidez política e ideológica, despertar para a grandiosidade da Revolução Planetária, para que esqueçam, ignorem, desprezem e até mesmo combatam, com mais vigor do que nós, as suas antigas e nocivas ligações com o Imperialismo.

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04  -  ativistas dos movimentos negro, de gênero e feministas. Claro que estarão cientes de que, mesmo sem abandonar suas conquistas, suas lutas serão conduzidas pela luta maior da Revolução Planetária e Transcendente.

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05 - Filósofos, Teólogos, padrespastores e fiéis, centenas de milhares de fiéis, das Igrejas evangélicas e Católica, visando dar as devidas conotação e sustentação Transcendente à Revolução, além, é claro, de engrossar as fileiras das Ocupações.

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06  -  Nesse quesito de alimentar o Transcendente como um dos sustentáculos da Revolução, seria pertinente convocar as centenas de milhares de pessoas ligadas ao esoterismo, à mística, ao espiritismo e também às práticas e sabedorias indígenas, orientais e africanas. As primeiras são pessoas geralmente oriundas das classes médias, muitas deles remanescentes da Contracultura, e as últimas geralmente das classes populares e marginalizadas.

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É importante trazer todos aqueles que respiram, ou tentam respirar o Sagrado e o Transcendente, num mundo sufocante, envenenado pelo Inferno da Técnica.

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A vertente Transcendente da Revolução Planetária precisa ser alimentada ao máximo, senão ela correrá o risco de se sustentar apenas nas vertentes Libertária e Marxista, e se transformar em apenas mais uma Revolução, e, pior, numa Revolução distorcida, ou derrotada.

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Como disse, é apenas uma lista a título de exemplo. Inúmeros outros grupos e setores haverão que ser convocados, despertados. Não esquecendo que, para cada grupo ou setor, haverá uma fala e uma convocação próprias, incisivas e até incendiárias, quando for o caso.

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Mas, por ora, basta, creio que seja um bom início de conversa; aliás, espero que seja de fato uma conversa concreta, e não apenas um monólogo delirante.

E se for apenas delírio, não importa - modestamente, faço a minha parte naquilo em que acredito, mais que tudo. Para mim, e há uma certeza tão forte como esta, somente a da morte de todos nós, um dia.

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Até a vitória, companheiros e companheiras!

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Voilá!

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